“SERÁ QUE O BRANCO VAI ACREDITAR EM MIM?” ANÁLISE DAS TRAJETÓRIAS DE CARREIRA DE MÉDICOS NEGROS NO BRASIL

Desde a escravidão processos de racialização e subalternização foram impostos aos negros no Brasil, com o fito de subsidiar padrões de dominação. Em contrapartida, mesmo com o fim do colonialismo, esses indivíduos continuaram desamparados pela sociedade, enquanto as estruturas de poder que prevaleciam de forma exposta, passaram a exercer influência no imaginário social. Partindo dessa constatação, o presente trabalho busca compreender como tem sido as trajetórias de carreira de médicos negros no Brasil. Para tanto, foi utilizada a abordagem qualitativa, com ênfase na metodologia de história de vida. Este método de pesquisa parte do âmbito individual para alcançar a coletividade, ou seja, conseguir compreender os fenômenos sociais. À vista disso, foram entrevistados seis médicos negros buscando entender suas histórias de forma profunda. No referencial teórico, os principais estudos e teorias utilizadas versam sobre fatos sociais, preconceito de marca, colonialidade, relação entre raça e classe, racismo estrutural e mito da democracia racial. Os resultados apontam que a colonialidade e o racismo estrutural impactam significativamente a autoestima, as relações interpessoais e as conjunturas a que os entrevistados são expostos. Em geral, as histórias denunciam práticas preconceituosas, discriminatórias e racistas em todas as instâncias da vida dos sujeitos, inclusive no ambiente de trabalho. Outrossim, há uma evidente disparidade entre médicos negros e brancos. Este estudo contribui com a comunidade científica, sobretudo com a área da administração, por fomentar a discussão de um tema pouco explorado, bem como o aprofundamento sobre a relação do trabalho e a diversidade.