Parque Marcello de Ipanema – Ilha do Governador/RJ: subsídios à proposta de linhas diretrizes para o desenvolvimento do uso público

O uso público de unidades de conservação objetiva a visitação desses espaços com finalidades distintas como: recreação, pesquisa, pedagógica, esportiva, científica, de interpretação ambiental, entre outras. Tais atividades são fundamentais para a conservação das Unidades de Conservação (UCs), trazendo benefícios pessoais, sociais e ambientais. O presente trabalho como objetivo apresentar subsídios à proposta de linhas diretrizes para o desenvolvimento do uso público no Parque Marcello de Ipanema (PMI), localizado no bairro Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, cidade do Rio de Janeiro/ RJ, que se apresenta como área protegida. A motivação para a realização desse trabalho deveu-se à intenção de maior entendimento da bagagem histórica e cultural do PMI e a futura possibilidade de mudança da realidade do espaço. A pesquisa quanto aos fins foi exploratória, descritiva e aplicada; e, quanto aos meios de investigação foi uma pesquisa de campo, documental, bibliográfica e é também um estudo de caso. Em função de momentos distintos da pandemia – dada pelo novo coronavírus, conhecido cientificamente como SARS-CoV-2, responsável por causar a doença do COVID-19 -, houve a necessidade de adaptação da pesquisa de campo em função do distanciamento social imposto pelos órgãos governamentais, que dificultaram o acesso aos órgãos municipais na cidade do Rio de Janeiro e às bibliotecas da Cidade aos livros mais antigos que versam sobre o tema na Ilha do Governador. Também se justifica nesse contexto a realização da observação direta quanto ao uso público do espaço do PMI por seus frequentadores. Constatou-se durante o desenvolvimento do estudo o descaso e a situação de abandono do Parque, somado ao mal uso do espaço que foram o estopim para uma série de conflitos. Os resultados do trabalho também apresentam o diagnóstico de diversas problemáticas, no que tange ao ordenamento, planejamento e gestão do local, marcado principalmente pelo abandono e a ausência de manutenção, além da necessidade de realização de investimentos com vista à melhoria nos equipamentos para o uso público de seus frequentadores, composto por moradores e visitantes. O PMI está inserido na XX Região Administrativa da Ilha do Governador, onde se encontra localizado o Aeroporto Internacional do Galeão, o que pode representar o aumento da visitação no espaço. Não obstante, a falta de investimento e gestão dessa área protegida podem significar maiores impactos pela visitação desordenada. Em contrapartida ao crescimento turístico da região do entorno do Parque, pode- se constatar que, caso não ocorram mudanças na gestão e planejamento, os conflitos existentes podem se agravar, distanciando-se da preservação da biodiversidade e do conteúdo histórico e cultural observado nesse espaço. Foi proposto um esboço de linhas diretrizes para o ordenamento do uso público na área protegida, que servirá como base para a estruturação da visitação e o início de programas de planejamento e conservação do Parque, que se coloca pertinente ser alçado à categoria de unidade de conservação. Isso tendo em vista a sua importância para a conservação da biodiversidade vegetal e animal ali existentes, em função das pressões antrópicas dadas pela expansão urbana frente a uma floresta urbana.