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Problemas para a conservação da biodiversidade na Microrregião de Três Rios

Problems for the biodiversity conservation in the Microregion of Três Rios, Rio de Janeiro State, Brazil

Autores: Prof. Dr. Fábio Souto de Almeida – Professor da UFRRJ/ ITR/ DCMA

Graduanda em Gestão Ambiental Larissa Miranda Ribeiro – UFRRJ/ITR

Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia e Três Rios são os municípios que compõem a Microrregião de Três Rios. Os ecossistemas naturais desses municípios foram grandemente afetados pelas atividades humanas: agricultura, principalmente os plantios de café; pecuária; indústrias; e o crescimento das áreas urbanas. Grandes áreas de florestas nativas foram desmatadas para o plantio de café, processo que teve início em meados do século 1800 (Stein 1985; Dean 2002).

A paisagem atual da Microrregião revela uma reduzida cobertura florestal, sendo os fragmentos de floresta em sua maioria pequenos, estando também distantes de outras florestas (Silvério Neto 2014). A maior parte da Microrregião é de áreas desmatadas. Veja a figura abaixo (Figura 1).

 

Figura 1. Mapa da Microrregião de Três Rios: Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia e Três Rios. Fonte: Silvério Neto (2014).

Esse panorama é prejudicial para a manutenção da biodiversidade da Microrregião (Almeida et al. 2011; Almeida & Vargas 2017). Animais de muitas espécies não conseguem sobreviver em pequenos fragmentos de floresta e o isolamento entre os fragmentos de florestas dificulta a reprodução, por inibir a movimentação dos animais pela região. Como muitos animais são polinizadores e dispersores de sementes, as espécies de plantas também acabam em risco.

A poluição dos rios e lagos prejudicam as espécies que vivem nesses habitats e as que usam suas águas para beber. A poluição é derivada do esgoto doméstico, das indústrias e da sujeira sobre o chão das cidades que é levado para os rios pelas chuvas. Também ocorre poluição pelo uso de agrotóxicos em plantios agrícolas. São usados produtos, por exemplo, para matar plantas (herbicidas), fungos (fungicidas) e insetos (inseticidas). Mas esses produtos não atingem somente as espécies que são pragas agrícolas, também matam espécies nativas e que não são prejudiciais às lavouras. As queimadas também prejudicam muito a biodiversidade, são bastante comuns na região e atingem as florestas nativas, como mostra a figura abaixo (Figura 2).

Figura 2. Localização de focos de incêndios (círculos amarelos) no município de Três Rios. Fonte: Bento (2014).

A foto tirada por uma aluna de Gestão Ambiental da UFRRJ-ITR (Figura 3) retrata cenas que infelizmente são cotidianas na cidade de Três Rios-RJ. Como dito anteriormente, as queimadas prejudicam a biodiversidade e também causam grandes impactos a saúde do homem. De acordo com Ribeiro & Assunção (2002) os efeitos das queimadas na saúde humana são causados diretamente ou indiretamente, incluindo os seguintes problemas: mudanças climáticas; disseminação de doenças infecciosas; alterações nas populações de vetores de doenças; infecções do sistema respiratório; aumento da incidência de asma; conjuntivite; bronquite; irritação dos olhos e garganta; tosse exagerada; insuficiência respiratória; nariz entupido; ocorrência de alergia na pele; e vários problemas cardiovasculares que podem levar à morte (Ribeiro & Assunção 2018).

               

Figura 3. Queimadas ocorrendo em morros ao lado do Rio Paraíba do Sul, próximo do bairro Centro , no município de Três Rios.

A introdução de animais e plantas que não são nativos, não existem naturalmente na Microrregião, também é um sério problema, pois competem por alimento e outros recursos com as espécies nativas ou, sendo predadores, podem se alimentar das espécies nativas (Almeida & Vargas 2017).

As rodovias que existem na Microrregião são muito movimentadas e acidentes com animais acabam ocorrendo. Muitos animais são mortos por atropelamento nas estradas. Por fim, a ação de caçadores é bastante prejudicial. Os alvos principais dos caçadores são mamíferos e espécies de aves, principalmente pequenos pássaros para serem criados em gaiolas.

Referências

Almeida, F.S.; Gomes, D.S.; Queiroz, J.M. Estratégias para a conservação da diversidade biológica em florestas fragmentadas. Ambiência (UNICENTRO), v. 7, p. 367-382, 2011.

Almeida, F.S.; Vargas, A.B. Bases para a gestão da biodiversidade e o papel do Gestor Ambiental. Diversidade e Gestão, v. 1, p. 10-32, 2017.

Bento, M.C. Propostas de manejo para Unidades de Conservação em função de sua cobertura florestal: estudo de caso no Município de Três Rios – RJ. 2014. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Gestão Ambiental) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Dean, W. A Ferro e Fogo: A História e a Devastação da Mata Atlântica Brasileira. São

Paulo: Cia das Letras, 2002. 484p.

Ribeiro, H.; Assunção, J.V. Efeitos das queimadas na saúde humana. Estudos Avançados, v.16, n.44, p.125-148, 2002. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142002000100008. Acesso em: maio, 2018.

Silvério Neto, R. Caracterização espacial da cobertura florestal dos municípios da Microrregião de Três Rios-RJ. 2014. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Gestão Ambiental) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Stein, S.J. Vassouras: um município brasileiro do café, 1850-1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.






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