Nos dias 13, 14, 20 e 21 de setembro de 2025, o Centro de Artes da Maré, no Rio de Janeiro acolheu o Festival “Movimentos Migrantes: dança e música afro-latina na cena carioca”. A programação gratuita reuniu artistas afro-latinos, periféricos, indígenas e migrantes do Brasil, Cuba, Moçambique e Peru, propondo novas formas de pertencimento e visibilidade no cenário artístico contemporâneo.Idealizado pela pesquisadora e dançarina cubana Mirian Miralles, o festival é uma celebração das corporalidades que constroem a América Latina a partir de códigos culturais afrodiaspóricos. Entre as atrações, destacou-se a estreia da performance “Saia”, criação da artista e professora Camila Daniel, apresentada no dia 20 de setembro.Definida pela artista como uma escrevivência dançada, Saia propõe um diálogo entre o verbo e a indumentária — a saia — como expressão da liberdade das mulheres negras pelo território. A performance se ancora nos conceitos de amefricanidade, da intelectual afro-brasileira Lélia Gonzalez, e de ritmo interior, da referência afro-peruana Victoria Santa Cruz e no trabalho teórico e artísticos de Camila. Em cena, Camila costura gêneros afro-latinos: o Tondero e o Landó peruanos, a Rumba cubana e o Carimbó brasileiro.Camila é professora associada do Instituto Três Rios e do Programa de Pós-graduação em Patrimônio, Cultura e Sociedade (PPGPaCS) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Sua trajetória transita entre a pesquisa acadêmica, as artes da cena e os estudos afro-latino-americanos, refletindo um pensamento que se move e um corpo que pensa.Como processo de fortalecimento da conexão entre a internacionalização da educação e a interiorização da universidade, Saia já tem uma nova exibição agendada para o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro de 2025, às 15h, na sede do G.R.E.S. Bom das Bocas, em Três Rios (RJ). A apresentação reafirma o caráter socialmente referenciado da universidade pública brasileira.