Monica Ambivero
Matéria realizada pela discente Sara Kelly Medeiros, à profissional Mônica
Ambivero, egressa do curso de gestão ambiental. Escrita pela discente Ana
Carolina Borsato.
Monica Ambivero, formada desde 2014 pela Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro (UFRRJ-ITR), no curso de Gestão Ambiental. Compartilha sua
opinião e experiência como egressa do curso.
Muito se debate hoje sobre a atual situação do Brasil em relação ao meio
ambiente. A profissão de um gestor ambiental é uma das mais afetadas diante
de tal cenário, Monica revela sua opinião sobre o assunto “… não acreditem
em milagres, que grosseria seja sinceridade, que violência tenha desculpa, que
tão cedo a situação da gestão ambiental vá melhorar. Esse monstro está
destruindo o pouco de avanço que tivemos na área ambiental, e essa piora
não será revertida assim que ele sair…” outro ponto importante abordado por
Monica ao longo dessa entrevista é em relação a falta de um conselho próprio
para a profissão o que acaba por desvaloriza-la.
Em relação ao processo de capacitação e estratégia na entrada no mercado
de trabalho, o curso já é bastante completo e alcança todas as lacunas
possíveis em um curso de formação, porém, a egressa acredita que após o
término do curso, sempre há a necessidade de atualização do conhecimento.
Daí a importância na busca pelo aprendizado, evitando a estagnação. É isso
que ela vem fazendo! Atualmente, Monica está terminando uma especialização
em Gestão de resíduos sólidos.
Recém-formado: da graduação para o mercado de trabalho.
Sara: Quais eram as expectativas quando você se formou?
– Monica : Eram tantas… Ao mesmo tempo em que sabia que estava
entrando em um mercado de trabalho hostil, a considerar a falta de
visão deste mercado que não enxerga a gestão ambiental como parte
importante, assim como a gestão da qualidade, por exemplo.
Sara: Quais foram os desafios que você passou no Mundo Profissional,
quando recém-formado?
Monica: Apesar de ter me formado com mais idade do que a maioria da
minha turma, sempre fui tratada como “alguém que sabe pouco” por
ser considerada nova, e, muitas vezes, percebi que era considerada
incapaz de cumprir com as atribuições da minha profissão por ser
mulher. Outra dificuldade que eu considero muito relevante é a do
baixo valor que estão dispostos a pagar pela mão de obra de
gestores ambientais. Essa questão seria mais bem amparada se
tivéssemos conselho profissional próprio. Inclusive, as novas turmas de GA da UFRRJ poderiam se envolver mais nessa
discussão e construção.
Sara: As habilidades e competências desenvolvidas no período de graduação
te auxiliaram na busca por oportunidades de trabalho?
Monica: Aulas de campo e debates em sala de aula ou outros espaços dentro
da universidade foram essenciais, pois me prepararam bastante para lidar com
imprevistos e embates que enfrentaria na vida profissional. Inúmeras
disciplinas foram fundamentais na questão técnica, mas disciplinas como
“gestão pública e meio ambiente”, “educação ambiental”, “sociedade e
natureza”, dentre outras, foram fundamentais para desenvolvimento do meu
senso crítico profissional, pelo olhar empático…
Sara:Quais competências e habilidades desenvolvidas ao longo do curso
foram importantes?
Monica:Atividades em sala de aula, pesquisa e extensão, saídas de
campo, centro acadêmico e representação discente.
Sara:Qual você pode destacar?
Monica: Minha pesquisa na iniciação científica em Educação Ambiental
e Desenvolvimento Urbano; a fundação do centro acadêmico e todas as
lutas que vivi enquanto aluna e representante discente.
Sara:Como você busca/ buscou a sua colocação no mercado? Quais as suas
estratégias de busca?
Monica: Sites especializados, distribuição de cartões de visita e envio
de currículos.
Sara: Como você vê o processo de capacitação, estratégia de entrada no
mercado de trabalho?
Monica: Falando da minha época: eu considero que tive uma
capacitação como gestora ambiental muito boa. Acredito que há
algumas lacunas ainda a serem preenchidas na grade curricular, como
sistema de gestão ambiental. Mas, o curso já é bastante completo e
alcançar todas as lacunas possíveis em um curso de formação
multi/inter/transdisciplinar é praticamente impossível. Inclusive, acredito
que isso nem seja responsabilidade da universidade ou do curso. Nós
devemos ser capazes de buscar aprender sempre mais coisas, o
conhecimento vem crescendo rápido demais e se ficarmos estagnados
naquilo que estudamos e não continuarmos a vida de pesquisa e busca
por conhecimento após a entrega do diploma, estamos fadados ao
fracasso e à atuação medíocre como gestores ambientais.
Profissional: desafios enfrentados
Sara: Como lidar com a pouca experiência?
Monica: É tão ampla essa pergunta, e mais ampla ainda as
possibilidades de respostas… Não creio que exista uma receita de bolo
para ensinar a lidar com a pouca experiência. Acredito que depende do
tipo de vaga que pleitear, da pessoa que seleciona, de você mesmo, da
trajetória acadêmica que construiu…
Sara: Quais foram seus principais obstáculos no(s) processo(s) de seleção
(preparação e comportamento desejado)?
Monica: O primeiro obstáculo é encontrar os processos seletivos.
Sara: Qual foi se melhor dia profissional?
Monica: Quando a minha primeira recuperação de áreas degradadas
completou três anos e eu levei um amigo que foi colega de turma para
ver como estava. A área já era chamada de “matinha” pelos moradores
próximos. Meu amigo ficou encantado com o que viu. Eu acompanhei a
área mês a mês no primeiro ano e depois ia mais espaçadamente.
Quando entrei no reflorestamento e senti o clima mais fresco, vi árvores
com frutas e outras tantas com flores, e inúmeros insetos e pássaros
usufruindo das espécies plantadas, vários ninhos nas árvores, me senti
muito orgulhosa do trabalho que desenvolvi com três caras
sensacionais, que tiveram paciência comigo, que me respeitaram como
profissional, mulher, ser humano. Me ensinaram muito e foram humildes
o bastante para ouvir as novidades que eu trazia do mundo acadêmico.
Sara: Quais suas expectativas e temores diante do cenário nacional para a
profissão?
Monica: Eu não vou me alongar neste quesito porque tenho tentado me
controlar. Cabe apenas que eu NÃO ACREDITO (apesar de saber que
tem) que gestor ambiental formado ou em formação tenha votado nesse
criminoso que está no topo do poder do país. Eu não vou colocar a
culpa nas costas dessa ninharia de eleitores. Porém, essa é uma boa
lição: não acreditem em milagres, que grosseria seja sinceridade, que
violência tenha desculpa, que tão cedo a situação da gestão ambiental
vai melhorar. Esse monstro está destruindo o pouco de avanço que
tivemos na área ambiental, e essa piora não será revertida assim que
ele sair. Algumas coisas nunca mais voltarão ao patamar anterior.
Sara:Sente a necessidade de melhorar seu currículo?
Monica: Sempre. Mas, vale a pena registrar, já ouvi três vezes que meu
currículo era muito bom e que não poderiam arcar com o valor que uma profissional como eu merece. Talvez fossem apenas desculpas bem
formuladas, talvez fosse verdade. Não sei.
Eu, nesse momento
Sara: O que você desenvolveu de mais relevante no seu espaço de trabalho?
Monica: Eu não saberia elencar. Mas criei metodologia de trabalho e
parâmetros; meu primeiro trabalho como gestora ambiental foi um
sucesso absoluto.